domingo, 14 de dezembro de 2014

Este táxi não é cor-de-rosa



Se acham que os taxistas em Macau são "maus", este é mesmo "bera" - se os de cá "pescam" clientes, este pesca-os e a seguir escama-os, também. Tudo aconteceu no Porto nas primeiras horas da manhã da última segunda-feira, fez agora uma semana, quando Sara Salvador decidiu ir beber um copo depois do trabalho. A jovem de 28 anos trabalha num bar da invicta, e por volta das 7:30 apanhou o primeiro táxi que encontrou estacionado no ponto localizado na Praça da República. Segundo a versão dos factos, relatados pela própria, "estava a falar no telemóvel antes de entrar no táxi", quando se despediu de uma amiga que a acompanhava, esta disse que "a adorava", e por isso Sara deu-lhe "com um beijo na boca", sem precisar se foi um simples chochinho, ou um beijo cinematográfico, com língua e esfreganço acompanhado de respiração ofegante e uma expressão lânguida e sôfrega no rosto. Entrou no veículo e disse ao taxista que não sabia o endereço exacto do local para onde ia, e pediu-lhe que fosse até a Fonte do Infante, e daí "daria instruções quanto ao resto do caminho". O motorista, como já vamos perceber, era um híbrido entre Derek Vinyard, o "skinhead" de "American History X" e o "Terminator" de Arnold Schwarzenegger, manteve-se imóvel e em silêncio. Sara quis saber a razão porque não saíam do mesmo sítio, e o homem que segundo ela aparentava ter "entre 35 e 40 anos", respondeu-lhe: "bossemecê num me disse uonde quere ire, carago" (é preciso recordar que estamos no Porto, afinal). A jovem repetiu a indicação inicial, e aí o taxista "pediu-lhe que saísse", e depois de Sara lhe perguntar porquê, foi ele quem abriu a porta e saíu, ficando de pé ao lado do veículo. A passageira não quis saber mais nada, pegou nas coisas e saíu também, mas mal meteu um pé fora do táxi levou um soco do motorista. Mesmo em choque, teve o discernimento de ir até à frente do táxi para anotar o número da matrícula, enquanto dizia que "ia apresentar queixa". Aí o taxista passou-se, pegou nela e encheu-a de murros e pontapés, arrastando-a pelo chão, etcetera, toda a restante coreografia de um combate de "wrestling", mas com a diferença de que alguém se magoou. Estavam mais dois taxistas na praça, mas nenhum deles saíu em auxílio da pequena, que acabaria por ser assistida pelo INEM, e levada para o Hospital de Santo António, onde depois de ser assistida apresentou queixa na esquadra da PSP, e era o que tinha que fazer, efectivamente.

Agora aquilo que torna este simples caso de agressão num atentado aos direitos humanos e "ó manos": foi um crime de ódio, pois a Sara é lésbica. Toma! Afinal o tal beijo sempre deve ter incluído língua e apalpadela. Um bocadinho de língua, vá lá. E uma palmadinha no rabo. Pronto, as duas trocaram olhares apaixonados, e ficamos por aqui. Quando digo "simples caso de agressão" não quero dizer que é banal; é terrível e nunca devia ter acontecido, mas nenhuma agressão é um passeio no campo. Mas como a Sara é da confissão LGBT (são como a IURD mas mais barulhentos, não compram salas de cinema nem alugam estádios), isto só pode ser um crime de ódio. Yep, e é própria Sara quem o diz: "deve ter sido por causa do beijo", e vai daí que o "morcon" do táxi não gosta de fufaria a sentar-se no banco de trás do "beículum", e então toca a encher a tipa de porrada. "Epá ainda por cima uma gaja, e nem é daquelas fufas grandalhonas, f...as p'rá porrada. Tá p'ra mim" - terá pensado o agressor, que no seu monólogo interior não tem sotaque tripeiro. "Quem disse isto, o taxista?" - perguntam vocês. Não, aparentemente não disse isso nem disse nada, pois é um tipo de poucas palavras, mais dado à linguagem corporal, e cada soco e pontapé que deu na pobre rapariga valem mil palavras carregadas de preconceito. Ela "acha" que foi por causa do beijo, mas ele partiu logo para a porrada. Ah bem, para bom entendedor meia palavra basta: o taxista nem precisava dizer porquê. Então não se vê logo? Este é um problema que se tem verificado desde que um engraçadinho qualquer retirou do ponto de táxis da Praça da República no Porto um sinal que dizia: "Não alimentar os taxistas homófobos". Depois de ter comprovado que se tratou de uma agressão através da certificação do Instituto de Medicina Legal, a vítima apresentou queixa com a ajuda da Associação Panteras Rosa, que "combate a LesBiGayTransfobia", ou seja, a aversão aos homossexuais, bissexuais e entremeados. Perdão, "transgender", que é aquela malta que se encontra em processo de metamorfose, como o bicho-da-seda, ou neste caso a bicha-da-seda. Porra, porque é que não consigo parar de fazer estas chalaças homófobas, pá? Qualquer dia faço como aquele taxista, calço as minhas botas cardadas e ando por aí com um pé-de-cabra a detectar mariconços, sapatonas, fichas-triplas e outros "freaks" com o meu detector de bicharada em forma de crucifixo. Só que agora fico tramado, pá, pois o Código Penal já inclui o crime de ódio, que no texto que é dado ao artº 132 considera a agressão motivada pela orientação sexual da vítima como sendo "de especial censurabilidade ou perversidade", e implica o agravamento da pena em um terço. E foi motivada por ódio aos LGBT? O taxista deixou isso bem claro? Não, mas a Sara teve um "feeling", portanto nem vai ser preciso julgamento nem nada: atira-se o gajo para dento da gaiola e deita-se fora a chave.



Meus amigos, agora falando a sério, que de facto isto não é nenhuma brincadeira. As leis foram feitas para todos, e neste caso os crimes de que falam não são para se atirar assim como quem quer "dar o exemplo". Se o taxista não demonstrou nem por palavras nem por gestos que tem algo contra os LGBT, para quê querer imputar-lhe um crime desta natureza? Vingança? Vi o vídeo na vossa adorável página do Facebook, e deixem-me dizer que nunca vi tanto exibicionismo, histeria e ressabiamento juntos, mas já lá vamos, e lá é evidente que a vítima ficou muito mal tratada, e o agressor tem que responder perante a justiça. Ponto assente. O que vos leva a assumir que foi um crime de ódio é apenas um palpite, e agora querem que o mundo inteiro diga que sim, claro, têm razão, coitadinhos que isto não se faz aos deficientes. É isso? Claro que não, bolas, desculpem eu ser assim tão ignorante e boçal, mas é que sou um daqueles grunhos que não anda por aí à beijocada e aos apalpões como afirmação da minha sexualidade. É que eu gosto de mulheres, estão a ver, e as tipas não deixam que ande por aí a adiantar os preliminares, e acha que isso é coisa para se fazer em casa. Eu sei, eu sei, ainda não evoluímos até ao vosso patamar de excelência, que defende que a via pública é um local como qualquer outro para fazer a tal afirmação - senão como é que nós sabemos quem vocês são para vos perguntar como é que se entra no clube? Sim, eu não saberia quem vocês são se não fosse pela simpatia da vossa parte em demonstrá-lo a toda a hora e em qualquer parte, nem que para isso se metam com desconhecidos que encontram na rua, em plena luz do dia, e querem lá saber se os ofendem ou não? Para vocês DEMONSTRAR que são LGBT é afirmação, mas se alguém DIZ que são, mesmo sem acrescentar qualquer comentário ofensivo, isso é descriminação. Se eu, sendo heterossexual, andar por aí a piscar o olho ou a mandar piropos a todas as mulheres que encontro, nas tintas para se têm marido ou não ou se consideram isto uma forma de assédio, for agredido ou detido por esse motivo, estão a "descriminar-me pela orientação sexual?". E bares reservados exclusivamente a homossexuais, onde não me é permitido entrar? Afirmação? Ah...e se um outro bar só permitir a entrada a heterossexuais? Descriminação? Ah...tenho tanto ainda para aprender.

Parece que existe uma onda geral de indignação, como que uma epidemia global, que leva a que as vítimas de violência deduzam de imediato que pagaram o preço por serem "diferentes" ou por pertencerem a uma minoria. Nos Estados Unidos temos uma nova onda de "racismo" por causa da morte de um jovem negro às mãos de um polícia branco, enquanto...cometia um furto. O facto de estar ainda vivo (e isso ninguém pode garantir) se não estivesse a cometer um crime ou prestes ou a cometê-lo é o menos importante: o branco não tinha direito de disparar, porra! Chamavam um polícia preto, ou melhor ainda, davam uma boleia ao patifezinho até casa para não ir carregado com o produto do furto, coitadinho, e ainda ganhavam um prémio qualquer pela formidável "tolerância" que demonstrou. Em Portugal há tanta descriminação com os LGBT que eles fazem questão de amiúde ir para o meio da rua ostentar cartazes onde se pedem "direitos iguais", e o fim da descriminação, e por isso foi uma grande conquista quando incluíram no Código Civil a tal claúsula que os descrimina, dotando-os de direitos diferentes das...oops, ia dizendo "pessoas normais". Para não parecer homofóbico, o melhor é dizer "diferentes", mesmo que no papel digam que querem igualdade. E não é tudo, pois segundo Sérgio Vitorino, das Panteras Rosa, "Existem avanços legislativos, temos uma sociedade mais aberta, mas a homofobia continua a existir fora dos meios relativamente privilegiados das grandes cidades." Sim, claro, e se não existissem, eles inventavam, pois estas associações como as panteras rosas e os SOS Racismo não sobrevivem sem o mal que combatem. Agora atentem a isto.



Ora esta, então queriam casar para isto, para engrossar as estatísticas da violência doméstica? Uma coisa tenho que reconhecer: dão um novo "elan" a um problema que nos casais heterossexuais ainda é tabú, e humilhante para a vítima. E a isto não se chama descriminação, não senhor. É um facto provado e comprovado que a Sara foi brutalmente agredida, já está a decorrer o processo contra o agressor, mas agora não queiram fazer disto um bicho de sete cabeças - deixem o homem pagar pelo que fez, e não pelo que vocês acham que toda a gente gostava de fazer, e por despeito demosntram que já não podem, porque agora são uma "espécie protegida". É mesmo assim tão profundo esse ressabiamento pelos anos em que se tratava a homossexualidade como doença, pela humilhação que passaram por não levarem um estilo de vida convencionado como "normal", que agora querem fazer toda a gente pagar por isso? E o tal taxista que agrediu a menina, é heterossexual, com toda a certeza, não? E se não fosse, isso ia ser bonito, não era? Deixava de ser agressão, e depois iam pedir uma lei específica para esse tipo de situação ou quê? Na, nem vale a pena, porque para fazerem figura triste já aí estão vocês a organizar marchas de beijocada e outras pantomimices para nos recordarem pela 15878ª vez que estão aí, e são iguais, por isso querem mais "igualdade". A propósito, para quando a inclusão desse importantíssimo detalhe nos dados do cartão de cidadão? Isso é o quê, discriminatório? Mas, mas...é que pensei que uma vez que a agressão simples se transforma em crime de ódio consoante essa qualidade, era melhor ter toda a gente bem identificada, só isso.

1 comentário:

Gustavo disse...

Sinceramente e desde que li a noticia no jornal fiquei com a ideia de que é mais um daqueles casos em que a história está contada como convém a quem conta (vitima? neste caso, ofensor noutros).

Vamos recapitular - Duas gajas num taxi ou uma dentro dele e outra fora, despedem-se com um beijo na boca e o taxista sai do carro e agarra numa delas (a que está dentro - e a outra fugiu?) e da-lhe pontapés e arrasta-a sem dizer nada porque duas gajas deram um beijo?

Alguem acredita sinceramente nisto?