sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Pedroto: 30 anos de saudade



Fez ontem 30 anos que desapareceu o mestre José Maria Pedroto, aquele que terá sido até ao seu prematuro desaparecimento o melhor treinador português, longe ainda de se imaginar que chegariam técnicos de categoria internacional, como Artur Jorge, José Mourinho ou André Villas-Boas. Nascido em 1928 em Almacave, freguesia do concelho de Lamego, na Beira Alta, iniciou-se como jogador nos juniores do Pedras Rubras, passando depois pelo Leixões, onde passou aos séniores, e de seguida foi conhecer o sul, jogando dois anos no Lusitano de Vila Real de Santo António, fazendo a posição que manteve até ao final da sua carreira de jogador, a de ala-direito ofensivo. Em 1950 foi protagonista daquilo que foi considerado na altura uma "transferência milionária", trocando o clube algarvio pelo Belenenses, para onde ganhar 20 contos por mês. A melhor classificação que conseguiu pelos azuis de Belém foi um quarto lugar, e em 1952 chegou finalmente ao clube do seu coração, o FC Porto. O domínio do futebol português nos anos 50 era do Sporting, mas de dragão ao peito Pedroto conquistou a "dobradinha" em 1956, e mais uma Taça de Portugal em 1958. Terminou a sua carreira em 1960 aos 32 anos, tendo representado a selecção nacional em 17 ocasiões.



Estreou-se como treinador pela Académica em 1962, ano em que teve início o domínio esmagador do Benfica, e ali trabalhou com jogadores como Maló, Mário Wilson, Gregório Freixo ou o macaense Augusto Rocha. Era inevitável o regresso ao então Estádio das Antas, que se concretizou na época de 66/67, depois de passagens discretas pelo Varzim e Leixões. Na primeira passagem pelos dragões como treinador adquiriu a alcunha de "Zé do Boné", nome em português do personagem da BD Andy Capp, mas a experiência não foi bem sucedida - depois de vencer a Taça de Portugal em 1968/69, foi despedido na época seguinte à sétima jornada, após derrota em Setúbal por cinco golos sem resposta. Curiosamente foi no clube das margens do Sado que teve início uma década mítica, levando o Vitória a um brilhante 2º lugar em 1971/72, e dois 3º lugares nas duas épocas seguintes. Nas competições europeias eliminou equipas como a Fiorentina ou o Inter, de Itália, e ainda os ingleses do Leeds e do Newcastle. Em 1974 regressou à Invicta, mas para o Boavista, que fez "Boavistão" nas duas épocas em que treinou o clube, vencendo duas vezes a Taça e terminando o campeonato em 1975/76 no 2º lugar a dois pontos do campeão Benfica. Foi então que o presidente do Departamento de Futebol do FC Porto, um tal Jorge Nuno Pinto da Costa, o levou de volta para o seu clube de sempre. No primeiro ano ganhou a Taça, e nos dois anos seguintes o campeonato, que fugia aos dragões há 21 anos. Terminaria lá a sua carreira, apenas com uma interrupção entre 1980 e 1982, quando treinou o V. Guimarães, e já com Pinto da Costa como presidente construíu a equipa do FC Porto que viria a dominar em Portugal e a dar cartas na Europa a partir dos anos 80. Foi levado aos 56 anos pelo cancro do pulmão, no dia 8 de Janeiro de 1985.

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